Hesitação Vacinal – o que fazer?

 

A hesitação vacinal é um fenômeno que vem crescendo desde 2015, com causas multifatoriais, não se limitando às questões relacionadas à confiança nas vacinas. Em 2015, Grupo Estratégico de Expertos em Imunização da OMS, o SAGE-WG, publicou documento no qual apresenta a matriz dos determinantes da hesitação vacinal (modelo dos “3 Cs”) classificando os fatores que influenciam na decisão comportamental de aceitar, atrasar ou rejeitar algumas ou todas as vacinas em três categorias: Confiança, nas vacinas e nas autoridades e profissionais da saúde; Complacência (principalmente a percepção de risco para a doença); Conveniência (acesso e qualidade do atendimento).

Com a pandemia da covid-19, instalou-se a infodemia, fenômeno já antes conhecido, caracterizado pelo excesso de informação, incluindo informações falsas ou enganosas, que se espalham em ambientes digitais e físicos durante uma emergência de saúde pública, mudando as narrativas circulantes e impactando as percepções, atitudes e comportamentos das pessoas.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a infodemia poderá deixar mais sequelas do que a pandemia da covid-19. Os riscos de desinformação para os programas de vacinação nunca foram tão elevados, assim como o risco da reemergência de doenças imunopreveníveis, como a poliomielite.

Nunca antes, pediatras se depararam com tantas dúvidas e discursos de rejeição às vacinas, principalmente em relação à vacina covid-19, foco dos grupos antivacinistas nesse momento. É preciso sempre verificar em fonte confiável quando receber uma informação, principalmente se aterrorizante e/ou apelativa, mesmo que vinda de um médico. Ao receber uma família que se nega a vacinar seus filhos:

  • Não se defenda! Não é um ataque!
  • Responda com calma e valorize a preocupação da família diante do cenário que vivemos;
  • Se você também viu a desinformação citada, diga que também ficou preocupada, que é natural, mas foi se informar (se foi mesmo) e viu que não procede;
  • Se nunca ouviu falar, diga que vai verificar e que entra em contato depois;
  • Não tente explicar fake News muito e em detalhes, e também não faça um discurso a favor da vacina;
  • Prefira manter o foco no risco da doença
  • Sempre mostre que você se importa com seu paciente e sua família!

Texto elaborado por Dra ISABELLA DE ASSIS MARTINS BALLALAI
CRM/RJ 48039-5
RQE 26023

 


 

Neste vídeo da campanha “Hesitação Vacinal: o que o pediatra precisa saber”, promovida pela SBP e o Instituto Questão de Ciência (IQC), a dra. Nilza Perin, presidente da Sociedade Catarinense de Pediatria (SCP), expõe a falácia do Cherry Picking e como é utilizada para ignorar dados científicos. Assista e compartilhe!


Carta aberta da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em conjunto com a Sociedade Brasileira Infectologia (SBI) à população brasileira, leia aqui.