Juntos contra o câncer infanto-juvenil
Departamento de Oncohematologia da SCP
No mês de conscientização do câncer infanto-juvenil, Setembro Dourado, o Departamento de Oncohematologia da Sociedade Catarinense de Pediatria (SCP) alerta aos pediatras para a importância do diagnóstico precoce da doença e estimula ações educativas associadas à doença, debates e outros eventos sobre as políticas públicas de atenção integral às crianças e adolescentes com câncer, além da divulgação dos avanços técnico-científicos da área.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 12 mil novos diagnósticos de câncer infantil surgem a cada ano no Brasil, com pico de incidência na faixa de quatro a cinco anos, e um segundo pico entre 16 e 18 anos. Os tipos de câncer infanto-juvenil mais comuns são as leucemias, os tumores do sistema nervoso central e os linfomas.
No Brasil, assim como nos países desenvolvidos, o câncer representa a primeira causa de óbito por doença, entre as crianças e adolescentes de 1 a 19 anos de idade. Infelizmente, com base nos dados dos registros de câncer atualmente consolidados, sabemos que no nosso País muitos pacientes ainda são encaminhados aos centros de tratamento com a doença em estádio avançado.
A detecção do câncer em estádios mais localizados reduz consideravelmente as complicações agudas e tardias do tratamento, além de contribuir para maior percentagem de cura. Assim, a taxa de sobrevida, a qualidade de vida, bem como a relação efetividade/custo da doença é maior quanto mais precoce for o diagnóstico do câncer.
A história clínica, baseada principalmente na queixa principal, e o exame físico são os primeiros passos no processo de diagnóstico do câncer. A história familiar, a presença de doenças genéticas ou de doenças constitucionais, podem também auxiliar nas orientações para o diagnóstico.
O alto nível de suspeição deve estar presente no raciocínio do pediatra, o que permitirá uma atenção especial a determinados sinais e sintomas, promovendo desta maneira um reconhecimento mais rápido da doença.
Considerando que os sinais e sintomas do câncer infanto-juvenil são geralmente inespecíficos e que não raras vezes, a criança ou o adolescente podem ter o seu estado geral de saúde ainda não comprometido no início da doença, é fundamental que o pediatra considere a possibilidade diagnóstica da doença, diante da persistência de alguns sinais e sintomas. A importância do reconhecimento de alguns sinais e sintomas de alerta, conhecidos como sinais de alerta “Saint Siluan”, trabalho desenvolvido na África do Sul, com divulgação na imprensa escrita e falada, que orienta os pais/responsáveis a procurarem assistência médica para seus filhos (as) sempre que os sinais e sintomas abaixo descritos persistirem.
Sinais de alerta:
- Mancha branca nos olhos, perda recente de visão, estrabismo, protrusão do globo ocular;
- Aumento de volume (massa): abdome e pelve, cabeça e pescoço, membros, testículos e glândulas;
- Sinais/sintomas sem explicação: febre prolongada, perda de peso, palidez, fadiga, manchas roxas pelo corpo e sangramentos;
- Dores: ossos, articulações, nas costas e fraturas, sem trauma proporcional;
- Sinais neurológicos: alteração da marcha, desequilíbrio, alteração da fala, perda de habilidades desenvolvidas, dor de cabeça por mais de uma semana com ou sem vômitos, aumento do perímetro cefálico.
O tratamento do câncer inicia com o diagnóstico e o estadiamento (extensão clínica da doença) corretos. Considerando a complexidade do tratamento da doença, é fundamental que o mesmo seja efetuado em centro especializado pediátrico, por equipe multiprofissional, compreendendo diversas modalidades terapêuticas aplicadas de forma racional, e individualizada para cada tipo histológico específico e de acordo com a extensão clínica da doença.