NOVEMBRO É O MÊS DE CONSCIENTIZAÇÃO A RESPEITO DA PREMATURIDADE
Vamos melhorar a saúde dos bebês, prevenindo o parto prematuro e diminuindo a mortalidade infantil?
A cada ano, em todo o mundo, 15 milhões de bebês nascem com idade gestacional inferior a 37 semanas, e pelo menos 1,1 milhão deles morrem em decorrência da prematuridade. Nascer prematuro é uma das principais causas de morbidade e mortalidade infantil, além de determinar perda de potencial humano entre os sobreviventes, a longo prazo, por paralisia cerebral, deficiência intelectual, doença pulmonar crônica, cegueira e perda auditiva.
O Brasil está entre os 10 países do mundo com os mais altos números de bebês nascidos prematuros. Em artigo recente, publicado no BMJ Open, a prevalência de nascimento prematuro no país, no ano de 2015, foi de 10,1%, com 286 mil bebês nascendo nessa condição. Há forte indicação de que pelo menos um terço deles nasceu antes da hora, em decorrência de cesariana desnecessária.
É fundamental a implementação de melhorias nos cuidados pré-natais, obstétricos e neonatais para aumentar a sobrevida e reduzir a incapacidade daqueles nascidos cedo demais.
Evidências demonstram que o Método Canguru é uma alternativa efetiva e segura ao cuidado neonatal convencional para os neonatos de baixo peso.
São três os componentes principais do método, o cuidado térmico através do contato contínuo pele a pele com a mãe, o apoio à amamentação exclusiva, e o reconhecimento e resposta precoces a complicações. Além disso, postula-se que o neonato seja colonizado pelos microrganismos comuns da mãe, reduzindo-se o risco de infecção nosocomial, especialmente em ambiente hospitalar. Também já foram observados efeitos positivos no vínculo parental e resiliência, nos resultados de aleitamento materno e no desenvolvimento. Mas, questões institucionais e familiares ainda são barreiras à implantação do Método Canguru.
Para viabilizar o trabalho de estímulo a utilização da metodologia Mãe-Canguru e apoio à amamentação em prematuros, uma equipe multiprofissional, composta por pediatras, neonatologistas, profissionais de enfermagem, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, psicólogas e fonoaudiólogas, deve estar preparada para integrar o manejo hospitalar clínico da lactação à rotina de funcionamento da unidade neonatal. E o pediatra, sobretudo, deve estar motivado e capacitado para participar e acompanhar a implementação de práticas com evidência, tais como o Método Canguru e o aleitamento materno, tão importantes para os pequenos prematuros.
Maria Beatriz Reinert do Nascimento
Diretoria de Humanização da SCP
FONTES:
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