Dra. Nilza Medeiros Perin
Gastroenterologista Pediátrica
Presidente da SCP – Sociedade Catarinense de Pediatria
No colorido e reflexivo calendário da saúde, o mês de maio é pintado de roxo para conscientização sobre as Doenças Inflamatórias do Intestino (DIIs), que atingem a cerca de 10 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, a prevalência chega a 100 casos para cada 100 mil habitantes, conforme registros no sistema público de saúde, identificando a maior concentração nas regiões Sudeste e Sul. Também é motivo de atenção o fato de que, nos últimos anos, houve uma crescente incidência do problema no país. Com esses indicativos, o alerta médico é fundamental, de maneira especial aos pediatras, para que ajudem, por meio do diagnóstico precoce, na redução desse cenário das DIIs. Dessa forma, evita-se que os pacientes tenham complicações e se diminuiu a possibilidade de internações, cirurgias e problemas no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes.
As Doenças Inflamatórias do Intestino prevalentes são a Doença de Crohn e a Colite Ulcerativa, ambas crônicas e sem cura. Na Doença de Crohn a inflamação pode ocorrer em qual¬quer segmento do trato gastrointestinal, enquanto na Colite Ulcerativa o cólon e reto são os órgãos mais acometidos. Os estudos mundiais também mostram que as DIIs têm-se apresentado cada vez mais frequentes em crianças, pois em torno de 25% dos casos já se manifestam na infância e adolescência, onde geralmente apresentam um comprometimento mais agressivo e extenso. A situação é ainda mais grave diante da constatação de que os casos vêm aparecendo cada vez mais cedo, até mesmo em crianças com menos de um ano, dificultando o diagnóstico, já que os sintomas podem ser confundidos com alergias alimentares.
Diante do quadro dessas enfermidades, a meta que move todos os pediatras é contribuir para a qualidade de vida dos pacientes, já que as causas das doenças continuam desconhecidas, com a possiblidade da predisposição genética, associada a fatores imunológicos e ambientais.
A SCP – Sociedade Catarinense de Pediatria está atenta a tudo isso e amplia sua comunicação junto aos pediatras de todo estado, para que saibam quando suspeitar dessas doenças, encaminhando os pacientes ao gastropediatra. Essa integração é a forma mais concreta de proteção, evitando que as DIIs interferiram no crescimento ou impactem no desenvolvimento das nossas crianças e adolescentes.