Doença celíaca (DC) é intolerância permanente a uma proteína chamada glúten e que ocorre em pessoas predispostas geneticamente. Esta proteína provoca inflamação do aparelho digestivo, impedindo a absorção adequada dos alimentos e das vitaminas.
Normalmente esta doença se manifesta nos primeiros anos, mas em muitas situações ela aparece apenas na idade adulta. A doença celíaca já foi considerada rara, atingindo principalmente pessoas de origem europeia. Hoje se sabe que é uma doença comum, que pode atingir qualquer pessoa. Uma em cada 100 a 150 pessoas sofre com a doença celíaca.
Os sintomas mais frequentes da doença celíaca são gastrointestinais: diarreia crônica, distensão abdominal e ganho de peso insuficiente. Irritabilidade, flatulência, falta de apetite, dor abdominal, vômitos e fraqueza são outras queixas comuns. Porém ela vem sendo diagnosticada também em pacientes que não apresentam queixas digestivas, e inclusive em pessoas que não apresentam qualquer sintoma.
A importância do diagnóstico
O atraso no diagnóstico pode ter consequências para o pleno desenvolvimento das crianças e provocar anemia por deficiência de ferro, fraqueza óssea, queda de pelos e alterações no ciclo menstrual com menarca tardia. Os “grupos de risco” nos quais a DC ocorre com mais frequência são: familiares de pacientes com DC, portadores de síndrome de Down, de Diabete tipo I, de tireoidite autoimune, e em indivíduos com fertilidade reduzida.
O diagnóstico pode ser comprovado com a realização de testes especializados de sangue com os pacientes que usam glúten na dieta. Para confirmação de um diagnóstico positivo deve-se fazer uma biópsia do intestino delgado, que deverá mostrar as alterações duodenais características.
O tratamento para a doença celíaca é eliminar o glúten da dieta. Na grande maioria dos pacientes o resultado é muito bom e a recuperação ocorre poucas semanas após a exclusão da proteína. Porém, a dieta livre de glúten implica restrição completa de muitos alimentos consumidos diariamente, dificultando o convívio social. Os alimentos industrializados “sem glúten”, além de mais caros, apresentam a possibilidade de contaminação. Assim, embora simples de ser prescrita, a dieta é difícil de ser seguida e a monitoração deve ser permanente.
Qualquer quantidade de trigo, centeio e cevada é prejudicial. Até o ambiente onde está sendo utilizada farinha de trigo, por exemplo, pode prejudicar o celíaco. Alguns produtos não alimentares como medicamentos e produtos de higiene (cremes e material para estética) podem conter glúten. A Federação Brasileira de Celíacos disponibiliza pela Internet orientações adequadas no site www.fenacelbra.com.br.
Fonte: Departamento Científico de Gastroenterologia da SBP